Monday, August 1, 2011

O meu farol

Todos temos um e eu não sou excepção; o meu farol é a minha mãe pessoa que eu admiro, respeito, e que é sem duvida é a minha referência para a vida. nos momentos de maior dor e de grande solidão mostrou-me o que é o perdão, a generosidade, a entrega e a determinação.  Empregada doméstica de profissão apaixonou-se pelo homem errado que de amor percebia muito pouco. Este foi o unico homem da sua vida  o seu grande amor e sobre esse tema não quis saber mais até hoje. Pediram-lhe que não me deixasse viver pois seria complicado ser mãe solteira num tempo em que isso não era muito bem visto para as mulheres, mas ela contra tudo e contra todos chorou e deu-me à luz. acho que foi o pior momento da vida dela mas também foi o melhor. até há muito pouco tempo eu trazia nas costas a culpa do meu nascimento. dizem que quando nasci a minha mãe me disse" vou-te dar o nome do teu pai, um curso superior e uma casa" e depois posso morrer descansada.  e foi o que fez! não falhou em nada! Acho que no momento que eu nasci e ela me prometeu a minha vida decidiu desistir da dela. Desde cedo, ouvia-a dizer no silêncio do quarto onde dormiamos as duas, uma pequena quadra que nunca mais me esqueci "tenho pena vivo triste, vivo num mundo sem gosto nasce o sol torna a nascer para mim é sempre sol posto". perante isto tentei ser sempre a filha perfeita! queria ao menos compensar parte do sofrimento da minha mãe e tive sempre a sensação que nunca estava à altura. não que a minha mãe me dissesse mas porque simplesmente não me dizia nada. não tinha tempo! queria-me dar tudo, queria que eu fosse igual às outras crianças e por isso pouco tempo a via. senti  falta mas nunca pedi! tinha outra mãe que me dava colo em momentos de solidão. Maria a mãe de jesus foi-me apresentada como aquela mãe que estaria sempre para mim em momentos que me sentisse sozinha. e assim foi. no meu quarto sozinha aprendi desde muito cedo a falar com ela e a pedir-lhe colo. nunca me falhou! assim ganhei a minha espiritualidade. gostava de ter tido uma familia, e sonhava com coisas banais como ter um Natal ou um jantar em familia mas nunca disse há minha mãe. A minha mãe não desistiu de me por lá em cima e de me dar aquilo que ela achava que eu merecia e eu bebi cada gota da vida dela com oportunidades unicas. confidenciou-me há pouco tempo que nunca pensou que eu chegasse onde cheguei. 34 anos depois de eu ter nascido, penso que me quis dizer que tem orgulho em mim! senti isso no meu coração e isso deixou-me em paz com a vida!

Hoje quando brinca com os meus filhos e partilha segredos com eles (so com eles) sinto que talvez o coração dela encontrou uma nova razão para viver.

Amo-te mãe pela mulher que és,  pelo sentido que deste à minha vida e se hoje sou a pessoa que sou devo-o a ti e não troco isso por nada deste mundo! és o meu farol e sinto que a pior coisa que te podia fazer agora era deixar de existir! 

1 comment:

Daíse Lima said...

Q lindo texto, menina!!!!
E que bom termos esses faróis em nossa vida, não é mesmo ?
Que a luz deles sempre nos guie, estejam onde estiverem!!!!
Bjo!